sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Café Forte

De tanto beber café

Um dia inda viro preta
Dessas de lata d'água na cabeça
E dois filho no cangote
Dessas nega de tôca de lenço
Trouxa de roupa embá'do braço
Levando a filharada pro banho de rio
Cantarolando
Batendo roupa nas pedra
Acompanhando o recital:
"Arlequim arlequim dorado
Que nasceu no campo sem sê semeado"
Viro mulata de zói doído, cansado, aflito
Carregado de simplicidade
Nega de cabelo alvoroçado, grande, cheio
Até o quadril
Cabelo embolado e macio até onde dá
Eu, de tanto beber café
Ganho sangue moreno, ardido
A liberdade de andar no sol
A pele queimada, o suor
Um dia, de beber café
Viro preta véia de cachimbo nos beiço
Viro a vó Joaquina de história pra contar
E um dia, andando na estrada
Se alguém me chamar "ô preta"
Com brilho no zói eu me viro
Levando um sorriso na boca
Exagerada de rancar pedaço
Orgulho pingando de dentro de mim
E digo pro mundo, meu nêgo
Que preta eu sou, preta de café
Nunca mais bebo leite pra não clarear
Só bebo você todo dia
Pra noite ganhar mais pretura
Que ocê, meu preto, é meu café mais forte
E por você eu fico preta até sumir na escuridão

domingo, 17 de agosto de 2008

Hai Kai III


Não sou passarinho
Não preciso viver
De migalhas
De amor

sábado, 16 de agosto de 2008

Se Renata

Se ela tivesse um nome

Deveria
Ser Renata
Serenata
Serena Renata
Se Renata fosse doce
Seria bombom Serenata
Deveria
Ser Renata do amor
Ou doce de leite
De nata
Renata caramelo
Chocolate da Garoto
Serenata
Se Renata fosse música
Seria Serenata
De violões e músicos
Embaixo da janela
Soneto ou sonata
Ser Renata é música doce e nome de amor